Mensagens postadas no Facebook, na página QG GV Bolsonaro, no último dia 14, insinuando “desmascarar doutrinadores marxistas” nas escolas públicas municipais, estaduais e particulares, além de faculdades e universidades, causaram manifestações contrárias até mesmo de parcela de apoiadores e integrantes da direita conservadora em Governador Valadares. E mais: consolidaram a divisão do grupo que esteve à frente da campanha vitoriosa do presidente Jair Bolsonaro (PSL) na cidade.
Quem afirma é o presidente do QG Conservador, Sérgio Adriani de Barros, que procurou a reportagem do O Olhar para esclarecer a posição do grupo. Ele diz que as postagens acerca do projeto escola sem partido não refletem o pensamento da maioria que defendeu as propostas do candidato Bolsonaro em Valadares. “Faltou, no mínimo, prudência ao autor das publicações”, avalia.
Mesmo antes das mensagens sobre a escola sem partido virem a público, o grupo já havia se dividido em dois: QG GV Bolsonaro, presidido pelo professor Adolfo Magalhães, e QG Conservador, liderado pelo policial PM Sérgio de Barros.
“Queremos deixar claro que as atitudes tomadas pelo administrador da página no período de 14 novembro de 2018 a 15 de janeiro de 2019 são de responsabilidade do professor Adolfo Magalhães Júnior, que se diz presidente do QG GV Bolsonaro”, frisa Sérgio.
O militar explica que presidiu o QG Bolsonaro desde sua fundação até o dia 14 de novembro do ano passado, quando o nome foi alterado para ‘QG Conservador’. A partir daí, conta ele, o professor Adolfo se autodeclarou presidente do QG Bolsonaro e resolveu excluir os colaboradores da página no Facebook, onde foram feitas as postagens sobre a escola sem partido.
“Após a publicação da mensagem, nós nos preocupamos com a consequência dessa atitude, e quando percebemos que poderia recair sobre nós, decidimos retomar a administração da página, retirando ele (o professor Adolfo). Quero que fique claro que o professor Adolfo fez parte da liderança do movimento desde o início e todas as atitudes eram deliberadas pelo grupo. Após o rompimento, ele escolheu tomar esse caminho e fazer esse tipo de publicação”, enfatizou.
Escola Sem Partido
O presidente do QG Conservador, Sérgio de Barros, explica que o projeto Escola Sem Partido é fundamental para a direita conservadora. “Esperamos que seja aprovado em nível nacional e seja estabelecido, pois a doutrinação de esquerda e de direita tem que ser reprimida nas escolas. No nosso entender, a escola é local de aprender questões técnicas que vão capacitar as pessoas a pensar por si só. Se tem um professor de esquerda, tudo bem, mas ele é pago para passar o conteúdo que precisa ser passado para a preparação do aluno. Queremos formar profissionais para que o Brasil avance de forma positiva. A escola é para se formar profissionais e não militantes de direita ou de esquerda.”
O militar reforçou ainda que a publicação feita pelo QG Bolsonaro, citando educandários e anunciando a divulgação de nomes de supostos professores doutrinadores causa preocupação. “Não vimos prudência nisso, pois pode gerar efeitos negativos para as escolas, já que elas não demonstraram em seus estatutos ou outros documentos que são propagadoras de doutrinações. E por isso não é prudente a gente divulgar que naquela escola existe doutrinação esquerdista. É uma afirmação preocupante que pode ocasionar algum tipo de desconforto, inclusive jurídico. Nossa maior preocupação agora é a consequência política de associar a sigla ‘QG’ ao nosso movimento conservador”, acentuou.
Ele concluiu lembrando que o professor Adolfo Magalhães é o presidente do QG Bolsonaro, “então cabe a ele a responsabilidade da publicação”.
O professor Adolfo Magalhães foi procurado pela reportagem do O Olhar, mas não quis falar sobre o assunto.
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