O Pronto-Socorro do Hospital Municipal de Governador Valadares tem sido um verdadeiro martírio para quem precisa da saúde pública. O problema da superlotação, que mais aflige os pacientes, parece cada vez mais longe de ser resolvido.
Na quinta-feira (22), após denúncias, a reportagem do O Olhar esteve no local e confirmou a situação de desprezo com a vida humana, em especial com os idosos. Aproximadamente 80 pacientes internados lotavam os três corredores do Pronto-Socorro (PS).
Além de causar indignação, o cenário é bastante preocupante: pacientes com diferentes tipos de doenças, acompanhantes, visitantes, funcionários se aglomeram nos corredores do Hospital Municipal em meio à pandemia do novo coronavírus.
No corredor de acesso à Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), exclusiva para tratamento de Covid-19, vários pacientes aguardavam um leito.
A maioria deles está em macas e sem cobertores nesse período frio do inverno valadarense, cuja temperatura mínima chegou a 13 graus na madrugada dessa sexta-feira (23).
Os acompanhantes dos pacientes também sofrem com o descaso e se viram como podem, em cadeiras de plástico ou ficando em pé. Nas enfermarias o quadro não é diferente.
Terezinha Lourenço de Lima Luiz (83), de Itanhomi (MG), sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) e está internada desde quarta-feira (21) em uma maca no corredor principal do Pronto-Socorro.
Duas filhas que se revezam no acompanhamento da mãe reclamam das condições do atendimento. Uma delas contou que foi preciso trazer agasalho e cobertor para a mãe.
Outro idoso internado no corredor é José Barbosa dos Santos Filho (62), que também chegou ao PS na quarta, com fraturas, e enfrenta o mesmo problema de atendimento precário. Uma colcha fina e estreita é a única proteção de José contra o frio.
Carmelita Cirila Martins (76) é outra idosa colocada em uma maca no corredor do hospital. Ela é interna da Associação Santa Luzia e recebeu um agasalho para suportar o frio. A acompanhante dela preferiu não dar declarações, mas a insatisfação está evidente em seu semblante.
Um funcionário que preferiu não se identificar também critica o caos no Pronto-Socorro. Para ele, a situação é de
total desrespeito. “Ninguém tá nem aí”, desabafa.
A reportagem do O Olhar solicitou um posicionamento da diretoria do Hospital Municipal, mas até a publicação desta matéria não houve retorno. Caso a reposta seja enviada, atualizaremos esse conteúdo.