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Atingidos pelo crime da Vale protestam hoje na Praça dos Pioneiros em Valadares

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Manifestação com a presença de atingidos e advogados das vítimas começa às 16h, na Praça dos Pioneiros, em Valadares. Foto: Patrícia Sousa/MAB

Dezenas de pessoas afetadas pelo rompimento da barragem de Fundão, em 2015, participam nesta quinta-feira (23), às 16h, na Praça dos Pioneiros, em Governador Valadares, de manifestação pelos 8 anos – completados no dia 5 de novembro – do maior crime ambiental já ocorrido no país.

O protesto é realizado pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-GV), Associação dos Advogados de Governador Valadares (Aadvog) e Comissão de Advogados dos Atingidos Rio Doce (Caard) e conta com o apoio do escritório de advocacia Pogust Goodhead, que representa 160 mil vítimas em Valadares e um total de 700 mil mineiros e capixabas ao longo do rio Doce, em ação judicial contra a BHP Billiton e Vale, na Inglaterra.

O MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens), que desde o acontecimento luta para denunciar a omissão e impunidade da mineradora Vale, empresa responsável pelo crime, junto com a BHP e Samarco, estará na praça com a campanha “Revida Mariana – Justiça para limpar essa lama”, que cobra a reparação, para os atingidos, dos danos com o abastecimento de água, suas produções, casas e rendas.

Segundo o coordenador Regional do MAB, Pedro Gonzaga, os atingidos vão denunciar ainda a falta de transparência nas negociações e a não participação dos atingidos no processo de repactuação. “Em Valadares temos agora, com a chegada das chuvas de final de ano, o agravante desse crime que se renova a cada ano. As enchentes de rejeito de minério que passam pela nossa cidade hoje são muito piores do que antes do crime”, denuncia.

São esperadas cerca de 300 pessoas para o ato que também relembrará a data em que a população valadarense voltou a ter acesso à água após o ocorrido.

Atingidos pelo crime da Vale protestam hoje na Praça dos Pioneiros
Vítimas do crime ambiental voltam a protestar contra omissão da Vale, BHP e Samarco. Foto: Divulgação

Plantão jurídico na Praça

De acordo com o presidente da Subseção da OAB/MG, advogado Adilson Domiciano, a entidade estará presente com uma equipe de 10 advogados que vai tirar dúvidas sobre ações judiciais de reparação em curso no Brasil e na justiça inglesa, onde corre uma ação coletiva com indenizações que podem chegar a R$ 230 bilhões.

“Faremos, neste dia 23, uma grande manifestação contra o maior crime ambiental, em que as empresas Samarco, Vale e BHP mataram nosso rio, trazendo grandes transtornos para Governador Valadares e toda região. Passaram-se 8 anos, mataram nosso rio, mas nós não esquecemos.”

O advogado Elias Souto, que representa, na região de Valadares, o Escritório Pogust Goodhead, destaca a importância do evento. “Fazemos esse ato para jogar luz nas trevas e colocar em evidência algo que as empresas querem que seja esquecido. A Renova vinha fazendo propagandas maravilhosas e enganosas na mídia, tanto que a Justiça determinou a suspensão de suas publicidades na internet, rádio e televisão. Esse movimento é um marco na história em Valadares e na Bacia do Rio Doce. O crime aconteceu há 8 anos, mas suas consequências persistem até hoje”, lembra.

“É um absurdo que, depois de oito anos, as vítimas ainda não tenham sido indenizadas pela tragédia, que ficará para a história como o pior desastre socioambiental que o Brasil já sofreu. Estamos empenhados em apoiar os atingidos e as instituições que estão lutando por esses direitos”, comenta Felipe Hotta, da Hotta Advocacia e parceiro do Pogust Goodhead no Brasil.

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