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FAMÍLIAS NO SANTA RITA SÃO NOTIFICADAS PELA PREFEITURA DE VALADARES DE QUE SUAS CASAS SERÃO DEMOLIDAS

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Mais de 100 famílias construíram suas casas na Avenida Eusébio Cabral, às margens da linha férrea (Foto: O Olhar)

Com a mulher e quatro filhos, e mais um a caminho, Júnior Anderson Dias, cuidador de animais, divide há mais de 15 anos uma casa construída
no bairro Santa Rita, numa área que já foi utilizada como pasto, mas que começou a ser ocupada de forma irregular ainda nos anos 90.

Eles fazem parte das cerca de 100 famílias que construíram suas casas na Avenida Eusébio Cabral, no final do Santa Rita, sentido Ipatinga. As construções ocupam os dois lados da avenida que fica às margens da linha férrea.

Júnior Anderson
Júnior Anderson mora no local há mais de 15 anos

Júnior contou que na manhã de quarta-feira (29), as famílias foram surpreendidas por fiscais da prefeitura de Governador Valadares, acompanhados por policiais militares, que foram ao local notificar os moradores que eles terão que demolir suas casas. Ou, caso contrário, a prefeitura irá realizar as demolições com ônus para os “invasores”.

A notificação diz: “Construção às margens da BR-381. Fica o invasor notificado a fazer a demolição imediatamente sob pena de a prefeitura realizar a demolição com ônus para o invasor e outras penalidades.”

A mulher de Júnior Anderson, Lorena Carolina Queiroz, disse que eles não têm para onde ir e que já vivem no local com muito pouco: sem energia elétrica da Cemig, sem água canalizada e sem coleta de lixo.

Eliene Maria da Silva, moradora do local há nove anos, contou que entrou em pânico e começou a chorar quando recebeu a notificação. “Comprei o terreno e fiz  minha casinha com muito sacrifício, não podem agora simplesmente nos tirar daqui”.

Eliene disse que chorou quando recebeu a notificação

Já outra moradora, Rosilene Silva, reclamou do termo “invasores” usado na notificação. Ela disse que não invadiu a área e afirmou que comprou o terreno onde construiu sua casa por R$ 18 mil. “Eu tenho o contrato de compra e venda, como a grande maioria das pessoas aqui. A renda lá em casa é de um salário mínimo, mas pagamos todo mês R$ 500,00 do parcelamento do lote. Já pensou ter que viver com menos da metade do que ganha para pagar o local onde você vive e de uma hora pra outra vir alguém aqui e dizer que teremos que destruir nossas casas?

A aposentada Maria Mercês Freitas, 65, mora na avenida Eusébio Cabral há 18 anos. Ela não gostou de os fiscais terem ido procurar as famílias acompanhados de policiais. “Somos trabalhadores e não bandidos”, disse ela, acrescentando que a polícia militar “deveria estar nas ruas impedindo roubos e assaltos e mortes como vemos todo dia, e não batendo nas casas de pessoas honestas”.

“Não moramos perto do barulho da rodovia e da linha de trem por que queremos, e sim por não termos outra condição. Mas nós aqui somos muito unidos e não vamos sair daqui com uma mão na frente e outra atrás. Não vamos deixar nossas casas”, garantiu.

Procurada na manhã desta quinta-feira (30), a prefeitura de Valadares não deu retorno às solicitações da reportagem, entre elas, se o governo atual teria algum programa de moradia popular para inserir as famílias.

O presidente da Câmara Municipal, Paulinho Costa (PDT), vereador que tem como maior reduto o bairro Santa Rita, explicou que a medida é uma recomendação do Ministério Público. Disse ainda que se reuniu com o prefeito e ficou definido que a prefeitura só não vai permitir novas construções no local.  “As casas que estão lá vão ficar até que sejam regularizadas ou que se tenha um plano habitacional pra dar pra cada um. Mesmo porque o pessoal está ali há muitos anos e não pode ir lá e demolir e tirar a casa de ninguém”, garantiu.

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