Feliz por ter aqui passado

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FELIZ POR TER AQUI PASSADO
Imagem: Reprodução/Internet

Eu sei, estou atrasado. Janeiro passou, fevereiro mal iniciou, e o carnaval chegou. Também vieram, sem pedir licença, as contas do mês, do ano, e de todo dia, a mais que ia, não sei como fazer. Matemática sem graça, mas que não me deixa sem asa, para chegar aqui e ver você. Ah, como é bom te ver de novo. Logo irão saber.

Mas quero dizer sobre o que ainda não falei. Virada do ano foi, minutos vieram depois, e simpatias prometidas realizadas ficaram. O sonho da faculdade, da melhor idade, do reencontro e do namoro prometido. Tudo que fica no coração, no mais que ão, a deixar a gente leve enquanto a travessia é pesada. Gente astuta vai entender, outras também lerão pra valer, que quando digo tento conversar com o oculto de nós. Sabe, então, essa intimidade que vai logo se desenhando nas conversas sem sentido, de perguntas de amigos, que revelam muita coisa e de montão. Estava falando do passado, apesar de ser ano novo. Tudo de novo! Nostalgia que me leva numa canção.

Não pense vocês que eu não comemoro ano novo. Claro que sim, comemoro sô! Mas também que não. O ano que começa é uma criança. O que se foi é ainda um amor adolescente para mim. As recordações do que foi, são quadros no museu vivo da saudade minha. A mudança cósmica do calendário, a volta ao sol, essa coisa que dá um nó na gente, dá a perspectiva de um flashback, em que a vida é um cinema em casa. Dentro de casa. Você lembra do janeiro outro, em que mais um pouco, uma mensagem de oi inesperada surgiu na manhã acontecida. Acaba que também recorda, no mais tardar da hora, no mês dos corações, junho é o que se põe, que a fotografia caída ao chão é o guardado que volta ao calor do peito. Desse jeito eu não aguento, em lágrimas escondidas, escrever mais uma poesia, de um livro que se descreve de como é a jornada de ser. Era setembro pra valer, e outubro logo chegou, uma data a mim lembrou, do passado que agora vive em mim. Sim, comemorei ao final de um festim, na abertura da nova cosmologia do ano vindo. Sozinho? Estamos todos no Universo, meu bem. Porém, jamais no coração.

Ah, eu sei que você ficou um pouco quentinho aí. Eu daqui nem falo. Ouvindo AnaVitoria, pela manhã de um domingo à toa, fico com a garganta apertada de tantas madrugadas, em que sonhos eram realidades para mim. Sim, o onírico traz a lembrança, recortam as fotografias daqueles dias, a remontar o cenário de como deveria ser. Ano passado fez isso com você? No ano novo, na virada de novo, depois de tantas que sei contar, fico a alegrar quando se descortina a animação da minha vida, a ver quem povoou aqui. Sem ao menos perceber, os outros não deixo porque, viro meus olhos na direção do horizonte, onde Deus deve estar e quiser. Fito os olhos Dele, procuro na sua alma a sede, que tenho aqui quando, de novo, a saudade vem. A Semelhança que tenho aqui, reflete a Imagem do que Dele visualizo. Ele também sente isso, a cada respiro, sopro da vida a nascer alguém. Era choro de novo, vida de novo, amor que fez isso. Que gostoso! Como tudo é claro para mim, como aqueles olhos verdes de um dia à toa. Essa prosa é pra lá de boa. Pão de queijo com café melhor que pão com manteiga. Mineiro é bobo demais, eita! Lá vem mais um ano novo, sô!

Contudo, digo que ano passado é tudo, pois, lá atrás foi, o que sou aqui na frente. É cuidadosa e urgente, a alegria sentir, quando passos damos no destino, a entender os sinos dos sons que chegam até nós. Sinais vindos de forças estranhas, que movem montanhas, fé que ocupa a gente mais que café na tarde. Ah, eu sei que ela vai rir, pois está aqui, a denotar a gargalhada que muito li nas páginas que se foram. Lirismo encontro em tudo, até em boleto duro, daqueles vencidos que combinam datas e entregam dívidas. E estou nem aí para essa sina, é ano novo, dívida nova, passado que volta a mim visitar. A vida deve ser mais leve, um sorriso que parece menina debaixo do dossel. Ah, meu Deus, faz isso comigo não? Quero terminar a crônica aqui, dizendo feliz ano passado, ser ter que dar um passo para aquela tempestade que ocupa o verão. O coração… E lá vem ele de novo. Como o ano novo…

Então, digo aqui, na promessa de pulinhos de festa, dos réveillons sem pressa, que a arte de viver deve ser mais ensinada nas catedrais de domingo. Vixe, tem gente que vai arrepiar aqui, mas outras tantas vão rir de mim, dizendo o quão louco devo ser. Sim, eu sou, e por que? Sei não, Vossa Mercê! Já que estamos contando a volta ao sol, sem ficar tontos e dando a nota dó, perdidos nunca mais, esquecidos claro que não, por que não fazemos diferente? Sim, por que não somos mais gente, amor de verdade, a esquecer a saudade, fazendo ser a realidade, os dias de feliz como era no passado? Sim, por que não voltamos a ser crianças, sem esquecer a esperança, e largar a dor na lombar, que se dá de tanto ficar sentado de frente ao sol de escritório? Sim, por que as palavras não podem fazer, a mágica de ser, um dia de reencontro voltar? Coragem, pacóvio, coragem. Sondagem de uma paixão que faz isso acontecer.

Desse jeito então, felicito a todos aqui, um feliz ano passado. Que os dias que se foram sejam álbuns de formatura, de celebração, de momentos à toa quando a despedida vem. E que não exista nenhum porém, nas páginas do livro que escreveu. Desejo que habite ali apenas versos de Romeu, enamorados de Julieta, a via de ser um amor para recordar, sem treta a separar. Espero e faço as minhas preces, mais verdadeiras que quindim de quermesse, a aventurar na sua vida, a vida que realmente não esqueceu. Que os palhaços estejam lá, acompanhadas das gargalhadas de arrebentar, a não sossegar nenhum minuto, aquele sorriso seu. É o que espero, meu Deus. É o que eu digo do lado de cá. Que neste ano, sem mais nenhum engano, longe daqueles spams de celular, seja a lembrança de vocês, o borrão a ditar assim: “como foi bom o ano passado. Como fui feliz no ano passado. Como fui feliz no passado. Como eu fui feliz…

Por você ter aqui passado.”

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