Todo mundo traz consigo uma história. Onde nasceu, onde cresceu, quem são seus antepassados, quem foram seus amigos. Muitos são esquecidos pela própria história e vivem como se estivessem em um mundo cinzento, em preto e branco.
E é para dar, ou mesmo devolver cores a estas vidas, que os integrantes do projeto GV Invisível vêm, desde março, realizando um trabalho com foco nos moradores em situação de rua.
“Quando a gente conhece a história da pessoa, fica mais fácil humanizar e ajudar. Nem sempre a pessoa está nesta situação porque quer. Nosso objetivo é humanizar os seguidores do GV Invisível, a nossa cidade, e estimulá-los a ajudar quem vive nestas condições”, explica Vinícius Miranda, coordenador do projeto, que começou com integrantes do Espaço Novo Tempo, da Igreja Adventista, mas que hoje conta com pessoas de diversas denominações religiosas.
Segundo Vinícius, o projeto existe em várias cidades do país. Depois de fazer um contato com coordenadores, o grupo resolveu trazê-lo para Valadares a fim de atender às cerca de 250 pessoas que vivem em situação de rua.
“Não é um projeto que tem carga religiosa ou proselitista. A grande maioria dos participantes são cristãos mas não nos prendemos a nenhuma denominação. A gente acredita que precisamos demonstrar um pouco de amor pelas pessoas de forma prática”, afirma.
Ações solidárias
O GV Invisível trabalha com ações mensais, de acordo com as necessidades da população em situação de rua. A primeira ação foi um jantar solidário onde os integrantes do projeto puderam conhecer a realidade de cada participante.
A segunda, realizada em maio, foi a distribuição de 118 kits solidários, com xampus, condicionadores, sabonetes, desodorante, escova e pasta de dente.
Nas ações realizadas com a população de rua, os integrantes do GV Invisível explicam aos participantes o objetivo do projeto. Com autorização de cada um, os moradores são fotografados e contam um pouco da história, que é postada no perfil do Instagram e no Facebook do grupo.
Segundo o coordenador do projeto, as postagens no Instagram visam atingir um público mais jovem. Ele explica que há uma tendência de os jovens utilizarem esta rede social, o que não exclui o Facebook.
No sábado, 22, o GV Invisível vai realizar o desjejum solidário. “Essas pessoas têm, durante a semana, o apoio do Centro Pop (Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua) e podem passar lá para tomar banho e receber o café da manhã e o café da tarde. No final de semana, elas geralmente só comem o que sobra, o que lhes é oferecido. Nós vamos oferecer a eles um desjejum em que poderão escolher o que comer. Isso ajuda muito na autoestima de cada um”, ressalta Vinícius.
Oportunidade para recomeçar
A parceria com a Secretaria de Assistência Social da Prefeitura de Valadares pode até ajudar o morador em situação de rua a ganhar uma nova vida. Vinícius explica que, durante o trabalho de conhecer a vida de cada pessoa, os integrantes identificam aqueles que pretendem mudar de vida e tentar recomeçar.
“Essas pessoas passam a frequentar o Centro Pop e nós torcemos para que elas consigam se reinserir na sociedade para que voltem a se sentir cidadãos. Muitos são viciados, o que acaba impedindo essa reinserção”, conta Vinícius, que informa também que o GV Invisível está buscando parceria com centros de reabilitação para que os viciados em situação de rua possam ser atendidos também.
Voluntários
Qualquer pessoa pode participar como voluntário do GV Invisível. Para isso, basta fazer contato pelo Instagram (https://www.instagram.com/gvinvisivel/) ou pelo Facebook (https://www.facebook.com/invisivelgv).
A partir daí, a pessoa é colocada em um grupo de Whatsapp para tomar conhecimento das ações. “Não há nenhuma exigência em ter esta ou aquela denominação religiosa”, afirma o coordenador.
Uma das primeiras postagens do projeto já rendeu uma surpresa. Um filho de uma das moradoras de rua fotografadas pelo GV Invisível a encontrou pela internet, depois de 10 anos e de já ter recebido até a notícia de que ela não estaria mais viva.
Clique aqui e leia a história da dona Maria Lúcia, que está ansiosa por encontrar os filhos que não vê há anos.
