Uma quantidade considerável de lama de rejeitos de minério da barragem da Samarco está sendo retirada do rio Doce diariamente por empresas de extração de areia em Governador Valadares e região.
A lama é dragada do leito do rio junto com a areia e algumas empresas já acumulam um volume suficiente para encher até 500 caminhões, segundo informou o integrante da Associação dos Comerciantes de Areia do Rio Doce (Acard), Edertone José da Silva, dono de um areal no bairro Santa Rita.
Ele explicou que a grande preocupação das nove empresas que atuam no ramo em Valadares e de outras da região é o que fazer com toda essa lama. A Fundação Renova já foi informada da situação e justificou que aguarda um estudo que está sendo feito por uma universidade.
Uma das alternativas tem sido alugar terrenos para estocar o material, enquanto a Samarco não providencia a coleta e destinação dos rejeitos. Para quem não tem condições, a saída tem sido devolver a lama para o rio Doce.
“O mais viável seria a Vale encher os vagões com a lama coletada e providenciar o local que ela achar mais conveniente, desde que resolva a situação”, sugeriu o comerciante Edertone.
A presidente da Associação Valadarense de Defesa do Meio Ambiente (Avadma), Rosamélia Apolinário, lembrou que existe um acordo em que a Fundação Renova é responsável pela limpeza do leito do rio Doce e pela destinação do rejeito.
A Fundação Renova informou que a partir de dezembro fará todo o processo para a destinação adequada do material, caso ele seja identificado como rejeito.
Por meio de nota, disse ainda que “as soluções para os rejeitos que se espalharam pelos principais rios e seus afluentes foram contempladas no Plano de Manejo de Rejeito, aprovado em junho de 2017 pelos órgãos ambientais, que dividiu a região impactada em 17 trechos. A definição de manejo para cada trecho tem como princípio as soluções com menor impacto ao meio ambiente e à sociedade em sua implantação. O trabalho de caracterização do rejeito ao longo de todo o trecho impactado foi iniciado. Em Governador Valadares, a previsão é de que a caracterização seja realizada no próximo mês. A partir desse trabalho, será possível definir se o material é rejeito do rompimento da barragem ou sedimento natural do rio, por exemplo”.