No vizinho município de Ipatinga, no Vale do Aço, as principais lideranças políticas do Partido dos Trabalhadores (PT) consolidaram o entendimento que já deram sua contribuição por meio de mandato eletivo.
Se retiraram das disputas eleitorais, voltaram para suas vidas, e agora apostam em nomes novos para continuar a luta, como o do jovem Leonardo Patrick, 25 anos, que pela primeira vez vai disputar uma eleição para deputado estadual.
Já em Governador Valadares a situação é bem outra: os velhos caciques petistas não estimulam a renovação de candidatos do partido, ou seja, não querem passar o bastão ou largar o osso.
Talvez a isso se deva o clima morno do lançamento das pré-candidaturas de Leonardo Monteiro, que vai tentar sua sexta reeleição a deputado federal, e de Elisa Costa, ex-prefeita, ex-deputada estadual e ex-vereadora.
O evento aconteceu na tarde de ontem (11) e foi prestigiado por filiados, militantes, simpatizantes, sindicalistas, lideranças partidárias e de movimentos sociais e a Quadra Espiritana, no bairro de Lourdes, permaneceu cheia até o último e mais aguardado discurso, o do pré-candidato a governador de Minas, Alexandre Kalil (PSD).
Houve música, houve dança, houve animação. Mas não se pode dizer que foi um encontro de grande euforia e energia contagiante. Talvez filiados e simpatizantes, em especial, estejam cansados de irem para as ruas sempre em defesa e promoção das mesmas lideranças, como nas últimas quase três décadas.
Talvez as pessoas se sintam mais motivadas com sangue novo à frente, novas vozes na política. Não que trocar nomes signifique renovar, necessariamente. Mas o novo, por si só, vem associado a novas práticas, novas ideias, novas bandeiras.
E com Elisa e Leonardo não temos nem um, nem outro cenário. As longas e cansativas falas, de ambos, sem apresentar nada de inovador, sem cativar ou entusiasmar o ouvinte, indicam que dificilmente essa velha guarda do PT fará a diferença na nossa região, estado ou país.
Leonardo tem 70 anos. Passou os últimos 32 anos em mandatos eletivos, primeiro como vereador em Valadares, de 1993 a 2002, depois como parlamentar federal, tendo assumido o primeiro mandato em 2003. O deputado é técnico em química e também formou-se em direito, mas fez carreira de ‘político profissional’.
Elisa Costa, 64 anos, também já percorreu uma longa trajetória política de cargos eletivos. Foi vereadora de 1997 a 2003, quando disputou e perdeu a eleição para deputada estadual. Em 2005, porém, assumiu como suplente e foi reeleita deputada em 2006. Em 2008 foi candidata e venceu as eleições para prefeita de Valadares. Em 2012 foi reeleita, ficando à frente da prefeitura até o final de 2016.
Embora os dois nomes tenham deixado suas marcas em Valadares e região, oxigenar a política não faz mal algum. Por isso é preciso que também as lideranças do PT de Valadares abram mão da exclusividade na disputa eleitoral para permitir um novo tempo para uma nova geração que também tem talentos para dividir com a cidade, a região, o país.
Que o encontro dessa pré-campanha sirva para lembrar que há outras vozes que precisam de espaço no processo político, como a de Rafael Modesto, ligado à juventude, de Shirley krenak, indigenista, Sandra Perpétuo, educadora e sindicalista, Cida Pereira, atuante em movimentos sociais, Gilsa Santos e Cézar Ribeiro, atuais vereadores, Marinalva Alves, da pastoral de rua, e de tantos outros que por lá passaram.