O cantor e compositor Lima Júnior, do Vale do Jequitinhonha, lança na noite desta sexta-feira (29), em Governador Valadares, seu quinto CD intitulado “Bordados”.
A apresentação será no bar Dom Cabral, no Centro da cidade, a partir das 21h30. O show terá fim beneficente, com parte da bilheteria doada ao Grupo Espírita Luz Divina, da União Vegetal.
Lima Júnior vai se apresentar com violão e voz trazendo, além das 14 músicas autorais do novo CD, canções de outras obras suas e promete intercalar alguns clássicos da MPB para a apreciação do público.
A obra traz canções com as participações especiais de Paulinho Pedra Azul e Roberto Mendes.
Com 30 anos de carreira, Graco Lima Júnior, nome de nascimento, começou na música aos 12 anos cantando em programas de calouros, em Almenara, Vale do Jequitinhonha.
Incentivo maior veio de um amigo que tinha uma banda de baile e intermediou junto aos pais de Lima para que o deixassem participar de um festival com sua banda.
Começava aí a convivência com músicos e a prática dos primeiros acordes no violão, o que durou até os 16 anos. Foi nessa época que outro amigo influente o incentivou a ir para Belo Horizonte conhecer Milton Nascimento e estudar em sua escola de música.
“Ficamos um mês esperando Milton aparecer e quando o encontramos ele me indicou a quem procurar em sua escola e foi lá que ganhei uma bolsa que me foi útil durante quatro anos, onde aprimorei meus conhecimentos tanto com aulas de violão como também com aulas de canto”, recorda Júnior, destacando professores como Toninho Horta e Gilvan de Oliveira, com quem estudou.
Com o aprendizado, começou a compor e a participar de festivais e com isso passou a ganhar novos parceiros em composições, como o poeta e escritor Gonzaga Medeiros, também de Jequitinhonha.
A primeira gravação em estúdio ocorreu com o convite de Paulinho Pedra Azul, com a canção Papagaio de Papel. A música Paixão lhe rendeu algumas vitórias em festivais, como o Festivale (Festival de Cultura Popular do Vale do Jequitinhonha), festival de Serro, São Paulo, entre outros, inclusive com jurados renomados como Edu Lobo e João Bosco.
Mas foi a música Alcalino que trouxe mais visibilidade e retorno financeiro a Lima Júnior, principalmente após a banda Fala Mansa gravá-la e do cantor Dominguinhos também cantá-la em suas apresentações.
CD
Por mais de 10 anos, Lima Júnior atuou na noite em Belo Horizonte e conheceu os ícones da MPB da capital mineira, continuando a participar de festivais.
Começou suas andanças Brasil afora e chegando em Florianópolis, em 2006, decidiu gravar seu primeiro CD (Fina Flor), que levou cinco anos para ficar pronto e, finalmente, foi finalizado em Curitiba.
O segundo CD (Parceiros da Lua) foi gravado em Tocantins e, em Vitória da Conquista, na Bahia, gravou sua terceira obra intitulada “Xamã”, com participação especial do compositor Eliomar Figueira de Melo.
Sua penúltima obra antes do CD “Bordados” foi o compacto “Um Beija-flor me Avisou”, também trabalhado e gravado em estúdios de Vitória da Conquista e de Belo Horizonte.
Assim como em toda as outras obras de Lima Júnior, o CD “Bordados” foi inspirado no amor, segundo o compositor. “O amor é uma força que move as pessoas a fazerem o que gostam”, defende.
O nome remete a canções que ele explica terem sido cuidadosamente bordadas por ele. Na faixa 9 a canção “Bordado de Amor”, nome que inicialmente estamparia a capa, é a versão musical de uma crônica de Roberto Lima (jornalista valadarense que reside nos Estados Unidos) sobre o trabalho dos artesãos.
Também de Valadares, o poeta Pedro Ramúcio tem participação na faixa 5 (Vento Antigo) da obra, composição que traz uma reflexão sobre a valorização do presente e a importância da abertura para o novo, deixando claro que “nada mudará enquanto o tempo antigo nos guiar”. P
Para Lima Júnior, “Bordados” traz canções que são fáceis de serem fixadas na memória e promete agradar a um público com preferências particulares, embora compartilhe o mesmo gosto musical.
O CD traz também uma homenagem a Vander Lee, renomado compositor e cantor mineiro que faleceu em 2016.
“Esta quinta obra é a primeira em que consegui atingir meu lado romântico que o saudoso Vander Lee já havia me dito que eu tinha”, frisou Lima Júnior. Essa descoberta já reflete nas preferências do compositor.
Ele garantiu que cantaria a Faixa 1 (Nem o Céu é o Limite) caso lhe fosse solicitada uma música do último CD. Essa faixa traz uma linguagem melancólica sobre um amor de primavera, de chuva de verão, que é diferenciada de outras obras do artista até então.
Simplicidade
Para o compositor, durante sua trajetória sua grande preocupação foi e será de preservar o lado simples de tudo, exatamente como é em sua região. “Em Jequitinhonha não temos grandes galerias de arte, mas você vê artesãos com excelentes trabalhos pelas ruas, anda mais um pouco e se depara com alguém tocando violão e mais à frente também verá rezadeiras, benzedeiras. Então somos assim. Simples na essência”, orgulha-se o compositor.
“Até nos arranjos musicais procuro manter essa simplicidade quando adoto voz e violão. Vemos muitos famosos em depressão, perdendo suas raízes, ficando sem chão. Para a música estourar, só valerá a pena se preservarmos a luz da própria arte que está dentro da simplicidade e essa não pode apagar”, destacou.
“A música tem um poder de salvar as pessoas de todas as situações; é um presente de Deus para atender nossas necessidades de acalento, de dor, de ligação com o próprio astral superior, o divino. Como compositor tenho um diálogo indefinido com a música, ela não te dá uma definição, mas mostra uma luz que posso descobrir e desvendar. O mistério está no dom de descobrir aquilo que vejo e de transformar essa visão para chegar às pessoas”, concluiu.
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