O ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva chegou a Governador Valadares ao meio-dia desta terça-feira (24), vindo do município de Periquito, onde visitou o viveiro de mudas feito pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST).
Lula foi recebido por cerca de 1,5 mil pessoas na área da Feira da Paz, onde participou de um ato em defesa da Bacia do Rio Doce e ouviu relatos dos prejudicados pelas águas contaminadas após o rompimento da barragem da Samarco.
Esse foi o segundo dia da Caravana Lula Pelo Brasil, organizado pelo PT e pela Fundação Perseu Abramo, que prevê percurso de 1.500 quilômetros de ônibus. Nesta segunda (23), Lula visitou Ipatinga, no Vale do Aço.
Em seu discurso, ele lembrou que já esteve em Valadares várias vezes e contou que em 1989 um grupo contratado por um deputado da extrema-direita chegou a atirar pedras contra o seu carro. ”Isso me deixou bastante triste. No nordeste, em visita ao município de Juazeiro, encontrei umas senhoras vestidas de negro que me chamaram de comunista. Eu fiquei pensando porque as pessoas mais humildes demoram a entender as coisas que você pretende fazer. Mas logo depois de ser atacado com pedras, na saída do aeroporto, fizemos um comício que deu uma multidão de gente”.
Perseguição
O ex-presidente Lula falou também sobre a perseguição política, jurídica e midiática partidária que tem sofrido nos últimos anos. “Desde 2005 tentam destruir o PT e só nos últimos dois anos tenho mais de 65 capas de revista contra mim; tenho mais de 25 horas no Jornal Nacional contra o Lula, sem contar os outros veículos. Eles já futucaram a minha vida, invadiram a minha casa, levantaram o colchão da minha cama, invadiram a casa dos meus filhos, e até agora nada”, constatou. “Desafio a eles encontrarem alguma coisa. Eu não vou me contentar até esse povo pedir desculpas para mim. A gente não é melhor do que ninguém, e não quer deixar de ser investigado, mas a gente quer ser tratada com respeito”.
Samarco
Sobre a degradação do rio Doce, ocasionada pelo rompimento de duas barragens da Mineradora Samarco, controlada pela Vale, Lula disse: “Tenho consciência de que só saberemos se o rio terá vida útil de novo com investimentos em dinheiro. Pois nascente a gente recupera, chuva Deus manda. Muita gente vivia profissionalmente do rio e ficou no prejuízo”, disse o ex-presidente sobre pescadores e indígenas da bacia do rio doce. “Até agora a empresa não deu explicações convincentes sobre o que aconteceu aqui. E o que nós queremos é que o governo federal coloque dinheiro aqui para recuperar a vida não só de gente, mas de peixes, da fauna e da flora”.
Formação
Lula também falou da importância da formação profissional, ao lembrar que em cinco anos de gestão abriu mais escolas técnicas do que todos os governos anteriores nos últimos 50 anos. “Toda mãe e todo pai quer deixar para o filho uma profissão. Porque quando a gente forma um homem, ele vira um cidadão. Esse é o maior bem que um governo pode deixar para o povo”, ressaltou.
Protesto
Um grupo de aproximadamente 10 pessoas participou de um protesto contra a visita de Lula a Governador Valadares nesta terça-feira (24). Liderados pelo manifestante Ricardo Pedrosa, defensores do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC) se reuniram na Praça Mário Rocha, próximo à área da Feira da Paz. Outros manifestantes seguravam faixas incitando motoristas a buzinarem caso também fossem contrários à vinda do ex-presidente.