Mais um corte desordenado de árvores, dessa vez na rua Arthur Bernardes com rua João Pinheiro, no Centro de Governador Valadares, ocorreu no final do mês de maio. Na esquina, um prédio antigo cedeu lugar a uma nova edificação e, para tanto, pelo menos 10 árvores Oitis foram retiradas, da copa à raiz.
Menos árvores, menos sombra, mais calor no já acalorado clima de Valadares. Indignado com a prática que tem se tornado comum nos últimos quatro anos na cidade, o empresário Altino Machado apresentou denúncia no Ministério Público Estadual.
“Não pode uma postura dessas, essa volúpia em cortar árvores. O plano diretor da cidade estabelece duas árvores na frente de cada lote. Isso foi mudando com o tempo. É lamentável não pensar na coletividade e no bem-estar de todos”, reclama.
Não é a primeira vez que grandes quantidades de árvores são arrancadas das calçadas para dar lugar a empreendimentos.
Na Ilha dos Araújos, em maio do ano passado, 15 Oitis foram retirados do quarteirão da Avenida Piracicaba, entre as ruas 36 e 34, para construção do Supermercado Coelho Diniz. Loja acima, árvores abaixo!
O corte foi autorizado pela prefeitura de Valadares e, em troca, o proprietário do estabelecimento ficou responsável em doar o equivalente a 100 mudas nativas para cada uma árvore cortada.
A rede de supermercados justificou que as árvores colocavam em risco a rede elétrica e impediam o acesso à loja.
Para Altino Machado, manter a integralidade das árvores no Centro da cidade tem sido uma briga antiga e constante com o município.
“São Oitis e Figueiras que dão sombra para gerações. Não existem cidades como a nossa, que tem sombra em todo o centro. Aprova-se plantas de edifícios sem se considerar a permanência das árvores. São garagens como prioridade ao invés das árvores. É lamentável”, destaca.
Ele conta que foram muitas as tentativas para arborizar a cidade e lembra que os oitis começaram a ser plantados na década de 40. “As árvores ajudam muito a amenizar a sensação térmica para a população. Mas, com o desenvolvimento urbano, não houve um plano para adequar o desenvolvimento à natureza. Então preferem retirar as árvores”.
A insatisfação com os recorrentes cortes está presente também em manifestações de moradores nas redes sociais, com postagens quase que diárias de locais onde as árvores foram arrancadas.
De acordo com a prefeitura de Valadares, para o cidadão cortar uma árvore na calçada de seu imóvel é necessário retirar uma licença na Secretaria Municipal de Obras.
A prefeitura não respondeu, no entanto, aos questionamentos da reportagem do O Olhar sobre os cortes de cerca de 10 oitis na área central da cidade.
