Morre o médico Arnoldo de Souza, vítima da covid-19

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Arnoldo de Souza, 66, morreu na tarde deste sábado (3). Foto: Divulgação

 

O médico, escritor, político e empresário Arnoldo de Souza, 66, morreu na tarde deste sábado (3), por complicações da Covid-19. Ele estava internado em um hospital no Rio de Janeiro, desde o dia 14 de março, onde tentava se recuperar da doença.

Por estar na linha de frente no combate à pandemia, já havia recebido as duas doses da vacina quando testou positivo, no dia nove de  março. Após piora no quadro clínico, foi transferido para o Rio.

Mineiro de Teófilo Otoni, Arnoldo participou ativamente da política em Governador Valadares, como candidato a prefeito, na década de 80, candidato a vice-prefeito na chapa encabeçada por João Domingos Fassarella, como candidato a deputado estadual e presidente do PDT, durante 11 anos.

Atuou ainda como presidente da antiga Funsec – Fundação Serviços de Educação e Cultura -, como secretário de Saúde (ambos os cargos na gestão do ex-prefeito Fassarella) e presidente da Associação Médica local, de 97 a 99.

Era filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT), membro  da Academia Valadarense de Letras (AVL) e presidente da Associação Brasileira de Ozonioterapia.

Arnoldo de Souza deixa esposa, quatro filhos e quatro netos. O corpo dele será cremado no Rio de Janeiro.

Último texto

No dia 14 de março, o médico cardiologista Arnoldo de Souza escreveu seu último texto, que publicamos a seguir, na íntegra:

POLÍTICA NACIONAL
Arnoldo de Souza
“No discurso feito no sindicato em São Bernardo, Lula perdoa e se diz isento de mágoas e amarguras. Isso é muito importante, pois quem alimenta rancor, não pensa com a razão e sim, com o fígado.

O fator Lula e o veneno do vírus

O quadro político se altera com a decisão de Fachin sobre a nulidade dos processos de condenação ao ex-presidente no âmbito da lava jato.

É bem verdade que o ministro tentou aliviar o destino do antigo juiz não assumindo a sua parcialidade clara e incontestável. A segunda turma irá jugar e a verdade prevalecerá.

No discurso feito no sindicato em São Bernardo, Lula perdoa e se diz isento de mágoas e amarguras. Isso é muito importante, pois quem alimenta rancor, não pensa com a razão e sim, com o fígado. Com o amargo fel da bile a lhe estragar o metabolismo digestivo e suas reações de temperamento.

Outra mensagem importante de Lula diz respeito a sua disposição de conversar com todos aqueles que queiram recuperar o Brasil do caos em que ele se instalou.

Esperamos que a sociedade civil entenda a sinalização do ex-presidente no sentido de compormos uma grande aliança que garanta a construção dessa recuperação. E tenho a convicção de que isso vai acontecer.

E mais ainda: não temos conhecimento acumulado de medidas que sejam realmente eficazes para o tratamento. E os profissionais de saúde estão entre as parcelas majoritárias dessas perdas. Até eu, vacinado por estar na linha de frente, com a segunda dose aplicada em 09/02/2021, testei positivo ontem (09/3), com sintomas iniciais desde sexta-feira (05/3).

Tudo começou certamente com pacientes com síndrome gripal que atendi, mesmo usando máscaras, luvas e mantendo distanciamento adequado, pois meu consultório assim o permite. Já no sábado à noite comecei a perceber o “corpo ruim” com sinais de febre interna (como já ouvi isso vindo dos pacientes).

Daí veio a dor de garganta e depois se iniciou a fase catarral. São ciclos claros e bem definidos. Espero que a intensidade seja mais leve como foi dito pelos especialistas em relação a infecção nos já vacinados.

Bom, isso deve ser verdade, mas a sintomatologia mais leve eu não quero para ninguém. Como estou coordenando um estudo multicêntrico sobre a ozonioterapia em paciente com Covid-19, me incluí nesse projeto. Hoje me sinto melhor, mas tenho tido dias difíceis. Tive que fechar a clínica, suspender as consultas e manter-me em quarentena por 15 dias, o que farei.

Agradeço a todos que, ao tomarem conhecimento dessa condição, passem a me incluir em suas orações, sabendo que a energia emana dessas preces tem um poder elevado, no qual eu creio, por elevação espiritual ao longo da vida.

Enquanto isso, a pandemia avança. Para vocês terem uma ideia, hoje, no momento em que escrevo essas linhas, cerca de uma Governador Valadares inteira morreu pela ação da Covid-19.

Então, por um lado, tenho a alma em regozijo pelo início da inocência de Lula e principalmente pelo fato dele poder ser o nosso candidato em 2022. Tem o meu apoio.

Sempre fui Brizolista e presidente do PDT em GV, por 11 anos, trazido para a sigla pelo convite do Professor Darci Ribeiro e pelo Jornalista Carlos Olavo da Cunha Pereira, antigo editor de O Combate, jornal impresso e distribuído em GV até o golpe de 1964, quando o mesmo teve que se exilar na Bolívia e depois no Uruguai.

Depois da morte de Darci e de Brizola, o PDT foi se descaracterizando e daí fui convidado a fazer parte do PT, onde estou até hoje. É preciso estar atento e fortes. Não temos tempo de temer a morte.

Vencer a Covid-19, e saibam que estou escrevendo esse artigo com muito sacrifício, essa perspectiva de nos indignarmos com o que ocorre me deu forças para esse esforço grandioso, para escrever esse artigo, pois o corpo continua ruim.

Mas Deus me deu força e espero vencer mais esse desafio e estudar melhor a relação entre as vacinas e eventuais casos que surjam, pode não ser acaso ou coincidência.

Embora eu continue defendo a vacinação e orientando os pacientes exatamente pelo fato de acreditar que teremos casos mais leves e com isso exoneração do sufocado sistema de saúde, em todo Brasil.

Portanto, Lula Lá, e sai fora, vírus, que iremos vencê-lo.

Arnoldo de Souza é médico e escritor
14 de março de 2021

 

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