O INÍCIO DO FIM DE UMA ERA

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o início do fim de uma era
Foto: Reprodução/Internet

A morte da Rainha da Inglaterra, Elizabeth II, marca o início do fim de uma era que já não tem mais lugar em nosso tempo.

Até recentemente, fui muito simpático à Monarquia Parlamentarista como um dos Regimes de Governo mais eficientes quanto ao “custo/benefício” aos cofres públicos, pela incomparável redução nos índices de corrupção política, bem como por causa do temido “Poder Moderador” dos monarcas, que agindo como embaixadores do povo junto ao Parlamento, evita algumas aberrações, como superpoderes de deputados e senadores que muitas vezes cedem à corrupção e votam leis que são lesivas ao povo de seus países.

Nas nações onde impera a monarquia parlamentarista, ao rei ou à rainha, cabe ouvir os anseios da população e encaminhá-los ao Parlamento, como embaixadores de seus súditos. O único grande trunfo dos monarcas é o poder de dissolução deste mesmo Parlamento, toda vez que os parlamentares desvirtuam suas ações para as quais foram eleitos ou não entram num acordo favorável ao bem do povo.

O Rei Felipe VI, atual Chefe de Estado da Espanha, já usou essa sua “carta na manga” por duas vezes! Na última dissolução do parlamento, deu “Cartão Vermelho” pra todos os parlamentares e convocou novas eleições gerais para daí a oito meses!

Bem, a Rainha Elizabeth II era para os Ingleses um ícone da boa educação, da sobriedade e do refinamento. Cumpriu com minúcia espantosa a função para a qual foi designada desde sua infância: ser rainha!

Educação esmerada, cumprimentos de protocolos seculares, devoção ao seu povo e à sua pátria.   Nas questões de ordem política era muito rigorosa, evitando ao máximo intervir nas decisões do Parlamento, dando liberdade aos Primeiros-Ministros e parlamentares.

Contudo, nestes últimos 70 anos do reinado da soberana inglesa o mundo mudou. E muito!
Ainda que os palácios, joias e luxos da realeza sejam, em geral, heranças de outras eras, choca e destoa enormemente na atualidade, o fato de uma família real ter tantos privilégios e regalias simplesmente por serem descendentes e sucessores de uma linhagem real que se perde no tempo!

Aos olhos da sociedade contemporânea, esses luxos e regalias das Casas Reais soam como uma afronta! Notoriamente porque muitos dos palácios e a manutenção da segurança, alimentação e outras comodidades dos membros da realeza utilizam recursos públicos dos contribuintes!

É fato que algumas monarquias já reduziram muitíssimo seus custos aos cofres públicos. Também é fato que, no caso da realeza inglesa, a monarquia até seja um fator gerador de receitas financeiras advindas do turismo e da venda de souvenires. Os reis da Espanha, assim como os Papas, não realizam mais a pomposa “Cerimônia de Coroação”. Apenas um singelo evento de “Início de Reinado”, bem adaptados à atualidade.

Aliás, o Papado é, por assim dizer, a última monarquia absolutista da Terra. Francisco, o Papa, dispensou até mesmo o uso dos aposentos do Palácio Apostólico e desde João Paulo II, grande parte das instalações vaticanas foram abertas ao público, inclusive os famosos “Arquivos Secretos”. Novos tempos! Novos ares!

A Coroação de Elizabeth II, em 1952, foi algo apoteótico, como nos tempos medievais onde o ouro, as vestes, o brilho das joias, a música e as cerimônias enormes e caríssimas imprimiam um caráter quase sobrenatural ao evento. E pela primeira vez tudo foi transmitido pela televisão! Um assombro para a época!

Mas e hoje? A França parece ter encontrado a fórmula mais justa e perfeitamente adaptada aos nossos tempos. Os antigos palácios da realeza francesa foram transformados em museus e instituições culturais. Seus tesouros artísticos e históricos são hoje acessíveis a qualquer pessoa mediante a aquisição de um ingresso vendido a preços módicos. Tudo é do povo e para o povo! Liberdade, igualdade e fraternidade é o lema da França desde a revolução popular que derrubou a monarquia naquele país.

Rei Charles III entra em cena na Inglaterra. E que cena! Com um histórico um tanto quanto controverso, sem o carisma da antiga soberana, num mundo de profundas transformações sociais e políticas, o futuro da realeza inglesa parece ser nebuloso e incerto.

No mundo atual não há mais lugar para uma autoridade imposta. Que os palácios ingleses se abram ao povo, seu verdadeiro dono. E que Deus não salve o Rei!

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