Não é de hoje que ouvimos o velho dito popular sendo acionado para alertar alguém: o apressado como cru e quente! Pois bem! Essa relação entre pressa e fracasso naquilo que se busca, está dentro da lógica de que se leva tempo para alcançar o resultado esperado.
Tempo para se preparar, planejar e até mesmo corrigir algo que durante esse processo, não tenha saído como o planejado. Neste sentido, na política, o tempo é muito valioso.
É imprescindível saber lidar com os fatos relativos ao cotidiano da política dentro do tempo correto, e é determinante saber o exato momento em que já não é mais o tempo para reagir a algo.
A proximidade do período eleitoral torna-se um evento que geralmente movimenta a vida das cidades. De acordo com Moacir Palmeira e Beatriz Heredia (1995), com a campanha eleitoral “posta na rua”, a fisionomia habitual dessas localidades se transforma.
Os cartazes de propaganda, com fotos de candidatos, e as cores que identificam os diferentes partidos ou alianças partidárias, em faixas e bandeiras, oferecem uma visão desses aglomerados que não se tem em outros momentos.
Diante disso, parece estar prestes a novamente inaugurar a chegada do Tempo da Política no cotidiano das cidades, possibilitando, a partir de dado momento, o envolvimento de grupos e atores que interferem na construção dos cenários, e até mesmo os resultados.
No entanto, cabem aos prováveis candidatos e seus partidos localizarem, dentro deste espaço de tempo, quais são os meios e instrumentos que possivelmente estarão em voga nas eleições municipais de 2020.
Se nos anos 2000, as campanhas políticas se instalavam nas cidades com a oferta de camisas e showmícios, mudanças na legislação eleitoral e o avanço dos recursos tecnológicos apresentam novas formas das candidaturas acessarem o eleitorado.
Essas alterações nas formas da ação política estão num espaço de transição, e não de ruptura. É um processo de aperfeiçoamento e adequação, gerado muito mais a partir das experiências anteriores, do que das projeções futuras.
Portanto, nossa referência eleitoral anterior mais recente foram as eleições presidenciais de 2018, onde até aquele momento ter tempo de TV era um dos principais instrumentos de campanha, mas que, surpreendentemente, o candidato com o maior tempo de propaganda alcançou apenas 4,8% dos votos.
A política de alianças para melhor desempenho eleitoral na disputa majoritária, também se demonstrou insuficiente nas eleições de 2018. Ou seja, o Tempo da Política parece ajustar-se na medida em que há um esgotamento do eleitorado com repetitivas e conhecidas práticas, de modo que fatores determinantes para eleger um candidato, deixam de se ser determinantes no próximo período eleitoral.
Neste sentido, o uso das ferramentas digitais em campanhas políticas ainda está num campo a ser amplamente explorado. Segundo uma pesquisa divulgada em dezembro do ano passado pelo instituto DataSenado, as redes sociais já influenciam o voto de 45% dos eleitores brasileiros.
Entre os entrevistados, 79% sempre utilizam o aplicativo de mensagens WhatsApp como meio de informação. Portanto, é preciso considerar a velocidade do tempo a partir da chegada da internet e de seus recursos no dia a dia de uma considerável parcela do eleitorado.
Não como a única forma de alcance, mas como uma aliada importante no processo de obervação daquilo que está na agenda dos potenciais grupos e coletivos em que se pretende acessar durante a campanha, bem como uma maneira de aglutinar segmentos diversos na candidatura, estimulando discussões e propostas relevantes ao contexto eleitoral em questão.
A construção e o surgimento do Tempo da Política parecem depender, a partir de agora, da forma com que os candidatos assumirão posições de destaque durante a campanha, de acordo com a capacidade dos mesmos em agregarem representações e demandas às candidaturas, num cenário em que as redes sociais são capazes de construir e destruir de forma quase instantânea.
Não que as tradicionais campanhas estejam definitivamente descartadas. Todavia, aqueles que não reconhecerem que os tempos são outros, estarão incapacitados de encontrarem o momento do timing.
Léo Patrick
Graduando em Políticas Públicas pela Universidade Federal Fluminense (UFF)
Não vejo a internet como aliada em tempo de eleição. 95% das pessoas que recebem uma informação, se quer lhes dão o trabalho de respirar e buscar a fonte ou fundamento e sai replicando. Quando assusta, o estrago já foi feito e na maioria das vezes, propositalmente!