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Sem apoio da prefeitura, pessoas com deficiência ficam sem assistência em Valadares

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A Avadde prestava serviços em Valadares desde 1997. Foto: Reprodução/Internet

A Associação Valadarense de Assistência e Defesa dos Direitos do Excepcional (Avadde) está com as portas fechadas. No mês passado, e sem até o momento justificar oficialmente o motivo, a Prefeitura de Governador Valadares exonerou os últimos integrantes da equipe que prestava serviços na associação.

A medida afeta 80 usuários com idades entre 18 a 59 anos e com grau de deficiência (de natureza física, intelectual, mental, autismo e outras) leve, moderado e grave que estão sem onde receber atendimento psicológico e de assistência social, bem como suas famílias, que também contavam com o suporte da entidade.

Criada em 1997, a Avadde é uma instituição filantrópica sem fins lucrativos, de utilidade pública e caráter assistencial, que presta atendimento de reabilitação e habilitação para pessoas com deficiência, em sua sede própria, localizada na avenida Minas Gerais, no bairro Nossa Senhora das Graças.

Sem apoio da prefeitura, pessoas com deficiência ficam sem assistência em Valadares
Os usuários contam com parceiros para manter cheios os armários da associação. Foto: O Olhar

Parte considerável dos recursos para manter a entidade era doado por comerciantes e outros parceiros. A prefeitura fazia a contratação de servidores para atuar na coordenação, área administrativa, serviços gerais e na equipe multidisciplinar. Aos poucos, porém, o número de profissionais foi reduzindo, e os três últimos que a atual administração ainda mantinha na Avadde foram demitidos no último dia 1º de novembro.

É o que explica a pedagoga e ex-coordenadora da associação, Nathalie Campos, que vem se movimentando para reativar o atendimento na Avadde. “É uma perda muito grande para a cidade e para os usuários. Se queremos uma sociedade inclusiva, temos que fazer por onde, e a prefeitura está indo na contramão. Essas pessoas estão isoladas dentro de suas casas, sem nenhum atendimento, muitas ficam agressivas, outras, que não faziam uso de medicamentos, agora estão precisando”, lamenta.

Ela ressalta que a expectativa era a entidade voltar a funcionar com o apoio do município.  “Ficou acordado com a secretária de Assistência Social que a Avadde apresentaria um novo plano de trabalho e, caso fosse aprovado, a prefeitura repassaria os recursos para manter oito funcionários. Mas não foi o que aconteceu”, reclama.

A pedagoga Nathalie Campos corre atrás de autoridades valadarenses para reativar a Avadde. Foto: O Olhar

Apesar da entidade ter cumprido a sua parte, de acordo com a ex-coordenadora, o governo decidiu romper a parceria com a associação que há quase 25 anos atende pessoas com deficiência em Valadares. Nathalie Campos também informa que não há na cidade nenhuma outra entidade com capacidade para absorver o atendimento aos 80 usuários.

A pedagoga conta que já esteve mais de uma vez na prefeitura, na tentativa de marcar uma reunião com o prefeito André Merlo, mas ainda não teve sucesso. Ela também comunicou a situação ao Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência, ao Conselho Municipal da Criança e do Adolescente e à Câmara de Vereadores. O próximo passo, de acordo com Nathalie, será protocolar denúncia no Ministério Público.

O que diz quem precisa do serviço

Thamires Cindy, moradora do Altinópolis, começou a frequentar a associação com 12 anos. Hoje tem 26, é casada e mãe de uma filha. “Minha mãe ficou sabendo da Avadde por uma prima nossa, eu tinha 12 anos quando entrei aqui, morava em Pontal e vinha de bicicleta. Tem que voltar [a Avadde], senão é complicado, pois tem menino se cortando dentro de casa por depressão. Aqui é minha vida”, resume.

Thamires Cindy começou a frequentar a Avadde com 12 anos. Foto: O Olhar

Prefeitura não se manifesta

A Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Governador Valadares foi procurada para se manifestar sobre o fechamento da Avadde e o que pretende fazer para fornecer atendimento psicológico e outros aos 80 usuários da associação, mas até a publicação deste texto não havia mandado nenhuma resposta.

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