É muito interessante pensar sobre quantos desafios diários a vida nos dá! Há quem diga que eles são ruins, outros, que não se motivam sem que estejam presentes.
Eu ouso dizer que os desafios têm sido cordas para a escalada das montanhas que encontro na caminhada em busca de mim…
Ou, são também, as cordas que dão os acordes da vibração da minha existência.
E assim, diante desta breve reflexão sobre os desafios, fui desafiada a pensar e buscar mais uma vez, nas minhas profundezas, sobre a casa, este lugar de morada, abrigo, segurança e aconchego.
E, com bastante convicção, afirmo que já morei em muitas casas, mesmo ser ter mudado de endereço ou localização. Porque casa é onde podemos abrigar nossa alma, sentimentos e emoções.
Vim ao mundo de uma casa diferente, que me nutria por uma simbiose perfeita entre o criador e sua criatura, que me fez experimentar um estado que jamais conseguiria alcançar em outro CEP.
Aquela casa, “que era bem engraçada, por não ter teto e nem nada”, mas tinha amor… tinha conexão, entrega e união.
Já morei em uma casa que pude chamar de lar por muitos anos da minha vida, receptáculo da minha infância e adolescência, que, com meu olhar e brincadeiras de criança, me ajudou a construir meu lar interno. Estrutura das minhas emoções.
Foi na rua Ipoema, nº 214, que vivi meu mundo, para que depois pudesse viver no mundo.
Ah, como fui feliz lá! Tantos territórios em apenas um. Meu quarto era para mim o coração da casa, porque lá é que podia escrever meus textos, organizar minhas ideias e conquistar meus espaços de menina quase mulher.
Lá também tinha outro lar, diferente, do abraço, do laço que dá calor, envolve e aconchega nos dias de medo do escuro e de alegrias também. O calor de lá era diferente.
Aos poucos, fui me mostrando para o mundo, e o mundo se mostrando para mim também. Conheci a dor, os conflitos, as decepções, e com eles aprendi que para ser um bom par, primeiro preciso ser um bom ímpar. E foi assim que pude reconhecer o que é o amor, suas diferentes formas, como ele cresce e se multiplica. Esse amor é a minha melhor casa, porque nela posso apenas ser quem sou, sem julgamentos, lamentos ou repressão. É a casa que me faz forte por dentro, para enfrentar o lado de fora.
Há pessoas que são lares por si só. Exatamente por serem ‘casas cheias’: de amor, alegria, riso solto e generosidade, tais quais as crianças, prontas para ajudar e acolher seus amigos.
São muitas casas…
Tantos lares…
Lugares…
Corpos…
Afetos…
E assim encerro, com a ousadia de dizer que, independentemente da sua concepção de casa, para mim sempre será este ‘lugar’ que está além das barreiras físicas: casa é onde você por inteiro pode morar!