Cerca de 150 famílias desabrigadas pelas enchentes do rio Doce em Governador Valadares, e moradores das cidades do entorno, reocuparam, na madrugada de hoje (28), a fazenda Eldorado, localizada no Pontal, distrito de Valadares.
O latifúndio de 718 hectares, atestado como improdutivo pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) desde 2014, está em nome de Heitor Soares Coelho.
Para a coordenação do MST no Vale do Rio Doce, “a reocupação das terras é fruto da necessidade de sobrevivência do povo brasileiro que se encontra em situação de vulnerabilidade social, causada pela falta de assistência pública e políticas voltadas para as necessidades do povo”.
O MST ressalta ainda que diante do cenário político-econômico desastroso da atualidade, ocupar as terras consideradas improdutivas é dar uma resposta ao governo. “Jair Bolsonaro colocou mais de 10 milhões de brasileiras e brasileiros em situação de vulnerabilidade e fome, a maioria mulheres chefes de família. O preço da comida, do gás e de tudo não para de subir. Por isso, não resta outra alternativa a essas famílias, a não ser reivindicar seu direito de produzir o alimento e fazer cumprir a função social da terra. A calamidade econômica das cidades vai fazer as ocupações se multiplicarem na busca por moradia, comida e qualidade de vida”.
Histórico
A mesma fazenda já foi ocupada em 2014 por 200 jovens e cerca de 100 famílias sem terra. A ação marcava o encerramento do “II Acampamento Estadual da Juventude Sem Terra”, realizado no Assentamento Oziel Alves, em Governador Valadares.
Sempre ameaçado pela elite coronelista da região, o acampamento nomeado de “Cidona” resistiu bravamente aos ataques, entretanto, prezando sempre pela segurança das famílias acampadas, a coordenação do movimento optou por reorganizar as mesmas e fortalecer a luta, se retirando da área que hoje é retomada.