Em um grupo de contratados, o temor pela redução da força eleitoral de um prefeito já se fazia sentir. Justificavam aquele medo, não pelas qualidades do mais novo opositor da administração – um ex-aliado que carrega o nome da maior rede de lojas daquele município. No centro de suas preocupações, estava o número de empregados na referida rede. Sem que percebessem, falavam do conflito entre “os de cima” como se ainda vivessem na Velha República, nos tempos do voto de cabresto, quando o tamanho dos currais eleitorais decidia as disputas entre os coronéis.
Conhecido por difundir a ideia de “menos Estado”, um dos integrantes desse grupo foi questionado se agora ele estaria contente. Seu interlocutor insinuava que a transferência de serviços públicos para a responsabilidade da iniciativa privada fosse resultado da política de “Estado mínimo”, defendida pelo sujeito. Indiretamente, atribuía-lhe culpa pela insatisfação popular decorrente da piora dos serviços prestados, fato que beneficiava o futuro opositor, e os colocava “na reta”, afinal, em uma eventual derrota do prefeito, “nós, os contratados-apoiadores, seremos os primeiros a ir para o olho da rua”, disse.
Incomodado, com a provocação do companheiro e, principalmente, com o “Estado mínimo”, que agora voltara contra si, o acusado tratou logo de contornar a situação embaraçosa na qual se encontrava, afirmando que, “há que se defender ‘menos Estado’, mas nem tanto assim [sic]”.