Há exatamente 40 anos, em janeiro de 1983, foi fundado o Museu Histórico de Governador Valadares, conhecido como Museu da Cidade.
Atualmente em seu quinto endereço, funciona numa casa alugada na Rua Prudente de Morais, 711, no Centro, após ter passado pelo prédio do Palácio da Cultura, por uma casa também alugada na Avenida Brasil, por um galpão infestado de ratos e cupins na antiga usina Açucareira, e por último, mas não menos precária, por uma edificação totalmente de madeira, conhecida como Casa do Mister Simpson, também infestada por cupins e em risco iminente de incêndio, o Museu da Cidade está, desde 2002, no atual endereço.
Há que se tecer algumas considerações, pois com tantas mudanças e percalços não há acervo que consiga preservar sua integridade!
Basta saber que quando de sua passagem pela Açucareira aconteceu uma das enchentes do Rio Doce, cujas águas rodearam todo o prédio e estiveram a poucos centímetros da entrada do galpão onde se abrigava o acervo.
Nestes últimos 21 anos, desde que foi instalado no enorme casarão alugado na gestão do então prefeito João Fassarella, quase nada mudou. Pode-se dizer que o lugar é acessível e razoavelmente seguro, porém, ainda pequeno para um museu, apesar do imóvel ter quase 500 metros quadrados e estar localizado naquela que foi a primeira rua da cidade, portanto, um sítio histórico.
Administração após administração e nada de o Museu da Cidade ter uma sede própria, condigna com a história de Governador Valadares. Mas, eis que surge uma vergonhosa proposta para enterrar de vez a triste trajetória do nosso museu. E o pior: a ideia está sendo levada a cabo pela atual administração e foi aprovada pela Câmara de Vereadores de forma quase unânime!
Pode-se dizer que o projeto da nova sede do museu é um “presente de grego” oferecido pela Fundação Renova, aquela que tem como principal objetivo reparar os danos socioambientais causados pela tragédia da ruptura das barragens de rejeitos de minérios da VALE nas cidades ao longo do Rio Doce.
Bem, a proposta do novo museu, oferecida pela Fundação Renova, e infelizmente aceita pelo município de Governador Valadares, é de dar pena! Um museu minúsculo, com apenas 299 metros quadrados de área, a ser erguido numa praça sem sequer consultar moradores e frequentadores. Pra piorar ainda mais, o pequeno museu dividirá espaço com um outro órgão da própria Renova!
Ou seja, a tão sonhada sede própria para o Museu da Cidade em nada condiz com as necessidades e sequer com a própria grandeza da história valadarense. Uma vergonha de projeto de museu ofertado a uma cidade cuja história tem profundas raízes em um significativo passado de lutas.
Do atual e já insuficiente espaço de 480 metros quadrados de área onde se encontra o museu, a instituição passará a ocupar uma área de 299 metros quadrados. Considere-se ainda o gosto e qualidade arquitetônicos: uma espécie de “caixote” desprovido de beleza estética.
É notório a urgência de o Museu da Cidade ter sua sede própria. Agentes culturais defendem, há tempos, a transferência definitiva do museu para o prédio do atual Fórum, que ficará ocioso ao ser desocupado em meados de 2024, quando, segundo o cronograma do TJMG – Tribunal de Justiça de Minas Gerais -, será inaugurado o novo Fórum da Comarca de Governador Valadares, no bairro Vila Bretas.
Assim sendo, a exemplo do prédio da antiga Cadeia Pública, transformado em Centro Cultural e sede definitiva da Biblioteca Pública Municipal, o Museu da Cidade encontraria seu local perfeito nas instalações do atual Fórum, na rua Marechal Floriano, construído há décadas em terreno cedido pelo município. No mesmo sítio que abrigou, no passado, a primeira Estação Ferroviária da cidade.
Governador Valadares merece RESPEITO! Uma sede definitiva para o Museu da Cidade à altura de sua história e representatividade já seria um bom começo!