Para apurar a denúncia de que André Luiz Coelho Merlo (PSDB) recebeu caixa dois da União Ruralista Rio Doce (URRD), na campanha municipal de 2012, a Procuradoria de Justiça Especializada em Crimes Praticados por Agentes Políticos Municipais, do Ministério Público Estadual, instaurou um procedimento de investigação criminal contra o prefeito de Governador Valadares.
A acusação foi feita em delação premiada pelo ex-vereador Ricardo Assunção, preso na terceira fase da operação Mar de Lama, em 2016. O acordo de delação foi homologado pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), em setembro, e divulgado nesta terça-feira (20) pelo Ministério Público Estadual.
O delator revela, entre outros, um suposto esquema de corrupção envolvendo a venda de um terreno de propriedade da URRD para a rede atacadista de supermercados Atacadão.
Para impedir a venda do imóvel, o grupo de supermercados local Coelho Diniz teria oferecido propina para vereadores aprovarem um projeto de lei que proibiria a construção de grandes edificações na região do Parque de Exposições, no bairro São Paulo.
O projeto, no entanto, não foi aprovado e a venda foi concretizada. De acordo com Ricardo Assunção, o valor do terreno foi empregado como caixa dois na campanha de André Merlo, ex-presidente da URRD.
A investigação da Procuradoria de Justiça é um desdobramento da operação Mar de Lama, desencadeada em 2016 para desarticular uma organização criminosa de agentes públicos suspeitos de desviar mais de R$ 1 bilhão da prefeitura de Governador Valadares.
O prefeito André Luiz Merlo frisou, por meio de nota, que sua vida pessoal, profissional e pública é pautada na transparência e na honestidade. Ele lembrou que foi presidente da União Ruralista por dois mandatos e todas as prestações de contas foram aprovadas em assembleia, bem como suas contas de campanha. O prefeito disse também que só após uma análise mais detalhada do conteúdo da delação irá se pronunciar adequadamente e tomar as devidas providências judiciais.
Já a União Ruralista Rio Doce divulgou que o terreno foi vendido após aprovação em duas assembleias feitas com os associados e afirmou que a URRD é entidade sem fins lucrativos.
O Olhar também tentou falar com representantes do grupo Coelho Diniz, mas não conseguiu contato.