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DONA MARIA NÃO É CASO ÚNICO: REINSERÇÃO DE MORADOR DE RUA NA FAMÍLIA EXIGE PREPARAÇÃO

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Dona Maria, entre os filhos Jhonny e Maicon, não conseguiu se adaptar à nova realidade. Foto: Fábio Monteiro

A volta de dona Maria Lúcia Ferreira de Freitas, 59, às ruas de Governador Valadares menos de um mês depois de ter se encontrado com os filhos que moram, e que a levaram, no Rio de Janeiro, provocou reações diversas em algumas pessoas que conheceram a história.

O Olhar conversou com uma psicóloga que falou de casos semelhantes, dentro do olhar da psicologia.

Segundo a psicóloga Eliane Pereira, nos casos em que a pessoa vive por muitos anos na rua, ela precisa passar por uma preparação para se reinserir novamente na família, que também precisa receber um acompanhamento.

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“Quanto mais tempo na rua, a pessoa vai adquirindo mais vínculo naquele local. São pessoas que fazem doações, pessoas que conversam com ela o dia todo, ela se alimenta na hora que quer ou quando tem, toma banho quando quer. Há toda uma situação que se vivencia na rua”, explicou a psicóloga.

Eliane ainda ressaltou que quando uma pessoa que passa anos nessas condições é levada para uma instituição ou uma casa, ela terá grandes dificuldades de adaptação, principalmente se for uma reinserção familiar.

“Toda família tem suas regras. Então, a pessoa se depara com uma casa fechada. Mesmo que ela não tenha obrigações, é mais difícil porque ela vivenciou na rua um ambiente aberto e, de repente, está em um fechado”, disse.

Para Eliane, a preparação tanto da família quanto do morador em situação de rua deve ser gradativa para, aos poucos, entenderem toda aquela nova situação. “Muitos dos que estão na rua almejam uma casa, mas não se lembram mais do que é viver em uma e ainda há a questão da falta de vínculos entre os familiares”, lembrou a psicóloga.

Relembrando

A Prefeitura de Valadares foi procurada em busca de informações sobre moradores em situação de rua, mas não respondeu ao pedido. O projeto GV Invisível é um dos que vem trabalhando na cidade com moradores em situação de rua.

O coordenador do grupo, Vinícius Miranda, explicou, em entrevista dada em junho, que o projeto visa chamar a atenção da sociedade para essas pessoas que se tornam invisíveis aos olhos durante o dia a dia pela situação em que vivem. Segundo ele, atualmente são cerca de 250 pessoas vivendo nas ruas de Valadares.

O caso da dona Maria Lúcia veio a público em junho, quando, depois que o projeto publicou uma foto dela em suas redes sociais, a namorada de um dos filhos a encontrou. Os dois filhos, que atualmente moram no Rio de Janeiro, tinham notícia de que a mãe estava morta, mas nunca desistiram de encontrar alguma notícia sobre ela.

No início de julho, os dois filhos viajaram de carro do Rio de Janeiro para Valadares e buscaram a mãe. O caso chamou a atenção porque dona Maria Lúcia é muito conhecida de quem frequenta a região dos bairros São Paulo e Vila Bretas, onde ela se aloja na calçada da rua Lincoln Byrro.

 

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